🔒Adaptar ou fracassar

Era o Jogo 2 das Finais da NBA de 2019 entre Golden State Warriors e Toronto Raptors. Com pouco mais de 4 minutos sobrando para o fim da partida, o Raptors perdia por 9 pontos. Foi então que o técnico Nick Nurse resolveu tentar algo desesperado: e se, para parar Stephen Curry, usasse um tipo de defesa comum entre os times escolares do Ensino Fundamental? Foi assim, sem treino prévio, sem planejamento, sem aviso, que o Raptors experimentou nas Finais da NBA a defesa conhecida como “box-and-1”: quatro defensores marcando em zona nas imediações do garrafão, em duas linhas em que cada jogador torna-se a aresta de um quadrado, e um quinto defensor alheio a tudo isso com a única função de marcar a estrela rival de forma individual, em qualquer lugar da quadra, lutando contra qualquer bloqueio que aparecer em sua frente.

A defesa é sucesso nas competições escolares de Ensino Fundamental porque é comum que os colégios consigam recrutar apenas um grande atleta e sejam obrigados a cercá-lo por outros quatro jogadores sem muito talento; no Ensino Médio esse tipo de defesa passa a ser mais rara porque várias escolas conseguem mais de um grande jogador; nas universidades, dada a quantidade de talento nas melhores equipes, a prática torna-se praticamente inviável. Nick Nurse lembrou-se do esquema defensivo porque sua necessidade imediata era tirar Stephen Curry do jogo, e assim fez: Curry não marcou nenhum ponto nos 4 minutos finais daquele Jogo 2. Mas e o resto do elenco do Warriors, certamente mais talentoso do que uma equipe imberbe de Ensino Fundamental? Sem Kevin Durant, lesionado naqueles Playoffs, e sem Curry, inviabilizado pela nova defesa, os demais jogadores do Warriors ficaram desesperados: erraram 6 arremessos consecutivos, perderam a bola, e o Raptors encostou no placar até uma bola de três pontos decisiva de Andre Iguodala – um jogador que historicamente acerta apenas 33% dos seus arremessos de perímetro – selar a vitória para o Warriors.

Quando o jogo terminou, Stephen Curry estava indignado. Nas entrevistas, deu a entender que a defesa que recebeu era “desrespeitosa com seus companheiros”, como se o esquema defensivo afirmasse, de maneira implícita, que os outros jogadores do Warriors não sabem jogar basquete ou não conseguem converter arremessos. A resposta de Nick Nurse foi categórica: “faria tudo de novo se o resultado for um arremesso final vindo de Iguodala ao invés de um arremesso de Stephen Curry”. No jogo seguinte, Nick Nurse usou a defesa de novo, para horror de Curry. Em alguns momentos, Nurse usou até o esquema ainda mais obscuro “triangle-and-2”, com três defensores ocupando as proximidades do garrafão e marcação individual tanto em Curry quanto em Klay Thompson.

Ao término daquelas Finais, o Raptors sagrou-se campeão da NBA, com muitas das justificativas apontando para as lesões do Warriors. Mas as escolhas defensivas de Nick Nurse não podem ser ignoradas: expuseram as limitações de um Warriors desfalcado e atrapalharam a vida de Curry como nenhum outro esquema tático anterior. Após a eliminação, Curry chegou a usar um agasalho, meio de piada, meio de afronta, com os dizeres “box-and-1: respeite o jogo”. O esquema, supostamente “desrespeitoso”, entrava ali em definitivo na cultura da NBA.

Defesas por zona, em que os jogadores defendem áreas da quadra em vez de adversários específicos, são permitidas na NBA desde a temporada 2001-02, mas pouco usadas em geral. Os motivos são diversos: jogadores ainda sentem que se trata de um “desrespeito”, uma “apelação”, um atestado de que você não consegue conter seu oponente usando apenas seu “talento individual”; técnicos, por sua vez, temem o fato de que defesas por zona tendem a ceder aos adversários rebotes de ataque e mais espaço para os arremessos longos, tão em moda na NBA atual. No entanto, histórias de sucesso no uso de defesas por zona não param de surgir, inserindo aos poucos essa possibilidade no repertório dos melhores times. Em 2011, o Dallas Mavericks do técnico Rick Carlisle percebeu nas Finais da NBA que a defesa por zona forçaria o Miami Heat a arremessos de longa distância, algo que a então equipe de LeBron James e Dwyane Wade não queria fazer. Resultado: o Mavs sagrou-se campeão. Em 2018, desencantado com os esforços defensivos de seu Miami Heat, que não parava de cometer faltas num jogo de temporada regular em dezembro, o técnico Erick Spoelstra lembrou-se de como foi enfrentar aquele Mavs e resolveu que valia a pena tentar a defesa por zona após ficar 28 pontos atrás do placar no terceiro período. Resultado: o Heat virou aquela partida e ganhou por 23 pontos de vantagem. O que era, segundo Spoelstra, apenas um modo de forçar seus jogadores a conversarem entre si durante a partida, acabou se mostrando uma ferramenta essencial para a vitória.

Desde esse fatídico momento em 2018, o Heat tornou-se o time que mais usa defesas por zona na NBA – é a defesa adotada em pouco mais de 12 posses de bola por jogo pela equipe nessa temporada regular. Pode parecer pouco, mas a média da NBA ainda é muito baixa: em geral, cada partida vê defesas por zona em apenas 5 posses de bola, então se você piscar, não vê nenhuma. Mas quem viu os Playoffs da NBA tem razões para acreditar que trata-se da defesa mais habitual do basquete: na Conferência Leste, Raptors e Heat usaram com uma frequência jamais vista e estão nos ajudando a imaginar o futuro defensivo da liga – e a importância de times serem capazes de diversificar seus ataques e suas defesas.


A defesa “box-and-1” que Nick Nurse usou na temporada passada contra Stephen Curry voltou a dar as caras no Raptors, dessa vez nessas Semi-Finais de Conferência contra o Boston Celtics. A intenção era marcar o adversário com uma defesa por zona, mas dedicar um defensor exclusivo para Kemba Walker de modo a tirá-lo do jogo. Com Jason Tatum e Jaylen Brown, muitas vezes o Celtics pode se dar ao luxo de não ter que construir jogadas de ataque, apostando no talento individual de suas jovens estrelas. Com uma defesa por zona, no entanto, é possível proteger melhor o garrafão contra infiltrações desses jogadores, colocando mais obstáculos entre eles e a cesta. Para lidar com isso, é necessário rodar a bola com velocidade, infiltrando e passando em direção aos “buracos” em que a defesa por zona não está naquele determinado momento. Como Kemba Walker é o jogador do Celtics mais capacitado para fazer isso – seu drible e velocidade permitem infiltrações para que ele possa usar seu talento nas assistências em seguida – Nick Nurse resolveu utilizar a defesa de Ensino Fundamental para tentar tirar Walker de qualquer movimentação ofensiva e desafiar o Celtics a, sem seu armador, ser capaz de movimentar a bola com velocidade e encontrar os espaços livres.

Ajustes desse tipo não são novidade nos Playoffs da NBA. Como as equipes passam séries inteiras se enfrentando, é natural que possam dedicar mais tempo a estudar o modo de jogo do oponente, fazer experimentos e alterá-los um jogo após o outro de modo a impedir que os adversários façam aquilo que gostariam. Cada time quer impor seu estilo de jogo, e cabe ao oponente a tarefa dupla de negar isso ao adversário enquanto encontra maneiras de impor seu próprio estilo. A série entre Celtics e Raptors, no entanto, tornou mais explicita uma tendência na NBA nos últimos anos: equipes que enfrentam ajustes tão drásticos que passam a ser forçadas a abandonar completamente aquele estilo de jogo que gostariam de impor. Contra a defesa “box-and-1” do Raptors, o Celtics por exemplo teve que deixar de lado tudo aquilo que havia tentado na temporada regular e inventar um modo novo de jogar, específico contra uma marcação por zona.

Já havíamos acompanhado situação parecida nas Finais da Conferência Oeste da temporada 2017-18 quando o Houston Rockets usou um esquema defensivo que impedia os arremessos livres do Golden State Warriors e a resposta do técnico Steve Kerr foi simplesmente JOGAR DIFERENTE: foi a primeira vez que o Warriors, famoso pela sua movimentação sem a bola, passou a jogar no mano-a-mano. E teve sucesso suficiente nesse novo estilo de jogar, tão pouco usado na temporada regular, para vencer aquela série em duros 7 jogos.

Foi também o caso do Celtics contra a “box-and-1”: o time aceitou que iria jogar sem grande participação de Kemba Walker, aumentou a participação dos seus pivôs recebendo bolas entre as linhas da zona, próximos à linha do lance livre, e adotou um regime sólido de passes e arremessos rápidos, infiltrações seguidas por passes para fora, arremessos de longa distância e cortes na linha de fundo rumo à cesta. O Celtics não “impôs seu estilo de jogo”, pelo contrário, abriu mão dele completamente em nome de outro novo, menos confortável, mas executado bem o bastante para também vencer a série em 7 jogos.

O sucesso do Celtics contra o Raptors nas Semi-Finais da Conferência Leste, numa série cheia de ajustes em que os dois tipos inventaram em tempo real novas maneiras de funcionar contra as defesas propostas, parece ainda mais impressionante em contraste com as eliminações de dois dos favoritos da temporada, o Milwaukee Bucks e o Los Angeles Clippers. Nos dois casos, tivemos times extramente ESPECIALIZADOS, ambos donos de um plano de jogo único e extremamente funcional. O Bucks é um dos 5 times que mais arremessa bolas de três pontos e o segundo que mais tenta arremessos colados ao aro, graças a infiltrações de Giannis Antetokounmpo que terminam em enterradas ou passes para arremessos livres no perímetro; já o Clippers é um dos 10 times que menos passa a bola, um dos 6 que menos dá passes para bandejas e um dos 5 que menos tenta bandejas em geral, graças às jogadas individuais de Kawhi Leonard, Paul George e Lou Williams, todos mortais na média e longa distância. As duas equipes foram tão dominantes na temporada regular que o fato de que seus ataques eram monotemáticos não parecia ser digno de preocupação. O objetivo do jogo, afinal, não é ser o mais diversificado possível e sim encontrar um modelo que funcione suficientemente bem até o final.

Mas a ideia chave aqui é “até o final”. O Bucks não foi capaz de lidar com uma defesa do Heat que impediu as infiltrações de Antetokounmpo (e tampouco, claro, foi capaz de lidar com a lesão de Antetokounmpo). O Clippers, por sua vez, teve dificuldades contra a defesa por zona do Mavs na primeira rodada e em seguida não foi capaz de lidar com a defesa do Denver Nuggets recheada de dobras de marcação e que tirou-lhes a meia distância. Ajustes foram tentados, tentativas de impor o esquema que tão bem funcionou na temporada regular, mas quando esses ajustes mostraram não ser suficientes, não havia um outro plano. O Houston Rockets caiu nas Semi-Finais da Conferência Oeste em situação similar: um time ultra-especializado em bolas de três pontos e jogadas de mano-a-mano, sem plano de fuga, que foi atropelado por um Los Angeles Lakers que aceitou mudar seu esquema de jogo e não usar pivôs, como o Rockets propunha. O Lakers simplesmente se adaptou, ao ponto de tornar-se irreconhecível após uma temporada inteira ostentando o time mais alto em quadra; o Rockets, que se manteve fiel aos seu modelo até o fim, viu esse fim chegar bem rápido na série e a temporada acabar bem antes da sonhada final.

É até poético que no atual estado das coisas, com uma pandemia que nos obriga a uma constante adaptação, tentando encontrar uma nova normalidade que nada tem de normal, os times da NBA que mais deixaram sua marca – incluindo os dois que alcançaram as Finais da NBA – são os times mais adaptáveis, mais maleáveis, capazes de deixar de lado momentaneamente pedaços importantes de seus modelos de jogo, ou então donos de modelos tão fluidos que parecem se encaixar em qualquer situação.


Ainda que os times mais especializados e menos versáteis tenham caído, é importante lembrar que maleabilidade, por si só, não é sinônimo imediato de sucesso. O Celtics, por exemplo, mudou totalmente seu estilo de jogo para enfrentar a defesa por zona do Raptors, e sabia perfeitamente bem o que fazer quando enfrentou a defesa por zona do Heat nas Finais da Conferência Leste, mas não foi suficiente para vencer um Jogo 6 decisivo.

Abaixo, separei as principais posses de bola do Celtics contra a defesa por zona do Heat no Jogo 6. Vejam que o Celtics usa o arsenal completo, direto do MANUAL UNIVERSAL PARA VENCER ZONAS: passes rápidos para o lado ou para a zona morta, infiltrações curtas seguidas de passes, o pivô Daniel Theis recebendo a bola na linha de lances livres, jogadores arremessando entre as linhas da defesa do Heat e cortes para a cesta nas costas da defesa.

As últimas duas posses de bola do vídeo, em especial, são maravilhosas: boa movimentação de bola, decisões rápidas, infiltrações curtas, passes precisos colocando a zona do Heat para correr. O problema é que as duas acabam do mesmo jeito, com erros de Kemba Walker no perímetro – um jogador com 38% de aproveitamento nessas bolas ao longo da temporada, bem acima da média da NBA. Parte disso é o simples fato de que saber o que fazer não garante que sua execução será perfeita, parte disso é o fato de que a defesa do Heat é excelente mesmo contra times que sabem como enfrentá-la, mas parte é também o fato de que se adaptar não é CONFORTÁVEL – você acaba tendo que dar arremessos com os quais está menos acostumado e, portanto, com os quais tem menos confiança. É fácil odiar Kemba Walker por ter errado arremessos bons, razoavelmente livres, num jogo decisivo, mas precisamos levar em consideração que as concessões que o Celtics fez para enfrentar tanto Raptors quanto Heat deram a Walker menos protagonismo, menos minutos com a bola nas mãos e menos dos arremessos que ele gostava de dar na temporada regular.

Boas defesas, que tiram os oponentes de suas zonas de conforto, são basicamente INDISPENSÁVEIS para se ganhar um título. Sete dos últimos dez campeões da NBA estavam entre as cinco melhores defesas de seus respectivos Playoffs (e isso se repetirá, já que Heat e Lakers estão entre os cinco times que menos tomaram pontos, o Lakers está entre os cinco que forçam pior aproveitamento nas bolas de dois, e o Heat entre os cinco que forçam pior aproveitamento nas bolas de três). Mas isso tem se tornado ainda mais evidente, e mais DRÁSTICO, conforme os times vão adotando nos Playoffs mais defesas por zona e suas variações (“box-and-1” inclusa), trocas de marcação em corta-luz (uma defesa que, na prática, PARECE uma defesa por zona) e dobras de marcação em corta-luz. São defesas arriscadas, difíceis de executar, e muitas delas forçam respostas “padronizadas”, modelos amplamente difundidos de como devem ser vencidas. Mas elas cumprem bem o papel de tirar oponentes das zonas de conforto, de testar até onde os adversários estão dispostos a se adaptar, a adotar essas respostas “padronizadas” ao invés do modelo de jogo utilizado ao longo da temporada regular.


Talvez o melhor exemplo dos perigos de sair da zona de conforto e se adaptar ao adversário sejam essas Finais da NBA entre o Miami Heat e o Los Angeles Lakers. Já no primeiro jogo da série o Heat colocou em prática sua defesa por zona, tentando impedir o adversário de pontuar no garrafão. O problema é que o Lakers se adaptou com muita, muita facilidade: abriu mão de jogar tão alto, colocou Markieff Morris como pivô quando necessário, usou vários jogadores para receber a bola na linha de lances livres entre as linhas da defesa do Heat (Morris, Anthony Davis, LeBron James) e abusou dos arremessos de longa distância. O vídeo abaixo, do Jogo 2, é praticamente uma AULA do que se fazer contra defesas por zona em quaisquer circunstâncias, em qualquer nível de competição:

A primeira posse de bola do vídeo é o PACOTE COMPLETO. Tem Anthony Davis entre as linhas, passe para o perímetro, corte imediato depois de receber a bola, e passe para um jogador (no caso, LeBron James) que ficou atrás da linha defensiva. São todos os jeitos de vencer a zona numa única jogada, de uma só vez, pra deixar qualquer defesa zureta. Mas nas outras jogadas tem mais possibilidades, incluindo mano-a-mano de Anthony Davis na longa distância, passes dentro do garrafão, LeBron finalizando assim que recebe a bola entre as linhas e, claro, bolas de três pontos de Alex Caruso, Caldwell-Pope e Rajon Rondo.

O sucesso do Lakers contra a zona foi tamanho, jogo após jogo, que o Heat abandonou o esquema – a equipe de Los Angeles parecia muito CONFORTÁVEL. Mas passemos para o quarto período do Jogo 5 para perceber que não é exatamente assim: quando o Heat resolveu que dobraria em LeBron em todo corta-luz, forçou a resposta óbvia, que é o passe para os outros jogadores que ficam livres. Esses jogadores, no entanto, não estão acostumados a dar arremessos importantes em jogos das Finais, não estão acostumados a terem que decidir jogos. Podem até acertar – aliás, DEVEM acertar, já que são arremessos completamente livres – mas são arremessos desconfortáveis, pouco usuais. Nem sempre a resposta certa é a resposta que você se acostumou a dar ao longo da vida. Abaixo temos as principais jogadas desse quarto período:

Vejam que a única jogada em que LeBron James enfrenta marcação individual é aquela em que Anthony Davis ameaça fazer um corta-luz e desiste. Em todas as outras, se há corta-luz ou transição ofensiva, o Heat faz a dobra de marcação e força LeBron à adaptação óbvia, que é acionar seus companheiros livres. Até que, na jogada final, Danny Green tem o arremesso livre da vitória, mas não é capaz de converter. Está fora da sua zona de conforto – até porque o passe exigiu que ele quicasse a bola no chão, algo que um especialista em arremessos de pés parados (um “spot up shooter”) não está acostumado a fazer.

Muitas vezes, se adaptar a uma defesa extrema do adversário não exige muita criatividade ou inteligência, exige só conhecer alguns elementos básicos do basquete. Contra dobras de marcação, roda-se a bola até o jogador livre; contra defesas por zona, tem aquele pacote de ações padronizadas que discutimos e mostramos anteriormente. Quando o Clippers, por exemplo, se nega a fazer essas adaptações, não se trata de ausência de conhecimento: todos os jogadores do elenco sabem EXATAMENTE, ao menos no campo teórico, o que precisa ser feito. Eles conhecem basquete, assistem a basquete, passaram por times de base. O técnico Doc Rivers não é um ignorante, conhece basquete o bastante para conhecer soluções óbvias contra a maior parte das defesas que existem. Se o Clippers não se adaptou é porque NÃO QUIS se adaptar; porque acredita que se adaptar é perder, é ceder, é se dobrar, é sair do seu plano de jogo, da sua zona de conforto, é permitir que um jogador como Danny Green dê um arremesso decisivo no palco de uma Final.

Isso significa que todos os times que avançaram nos Playoffs e se adaptaram profundamente o fizeram por escolha, sabendo dos riscos, cientes de que arremessos às vezes serão dados pelos jogadores mais desconfortáveis. É claro que um título pode ser perdido a qualquer momento porque Danny Green errou um arremesso final, mas o preço de não deixar que ele tente – ou seja, de INSISTIR com o plano original, de não ceder, de não aceitar, de não tirar a bola das mãos de LeBron, ou Harden, ou Kawhi, ou Atentokounmpo, ou quem quer que seja – parece caro demais. Os times que não cederam sequer chegaram às Finais; não tiveram sequer a chance de ver um dos seus atletas mais obscuros tentar um arremesso livre no maior palco de basquete do planeta. Lakers e Heat, por sua vez, estão em uma zona de risco ao tentarem se adaptar ao adversário, mas é esse risco que tornou esses times imbatíveis até aqui. LeBron James não passou a bola por necessidade, por obrigação, mas sim por FILOSOFIA DE JOGO; tantos outros times mostraram que se adaptar não é uma obrigação, mas uma escolha. Lakers, Heat, Raptors e Celtics escolheram essa filosofia da adaptação por princípio; os outros, teimosos, não estão mais aqui para criticar.

Torcedor do Rockets e apreciador de basquete videogamístico.

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