Como começar a acompanhar a NBA?

Olá, novato, tudo bem? Chegou há pouco tempo ao nosso amado e idolatrado mundo da NBA? Seja bem-vindo! Não sei se o que te trouxe ao basquete foi o bafafá sobre Kevin Durant campeão ou tanta notícia de negociações durante as férias da liga. De qualquer forma, não importa. O que vale é que você chegou até a NBA, até o Bola Presa e está querendo uma visita guiada para não começar completamente no escuro. É para isso que criamos esta Rookie Week, a Semana dos Novatos, com diversos textos que vão ajudar quem está começando.

Parte 1: Como começar a acompanhar a NBA?

Parte 2: Entenda os termos do basquete da NBA

Parte 3: Como ler um boxscore com as estatísticas do jogo?

Parte 4: Entenda o sistema salarial da NBA

Parte 5: A prancheta tática da NBA

Podcast Zero: Comece pelo começo no mundo do Bola Presa e da NBA

Se você já conhece NBA a fundo e vê estatísticas de aproveitamento enquanto dorme, siga em frente e aponte essa introdução aqui para os coleguinhas que estão apenas começando.

Vamos começar do começo? Se tiver mais questões, é só colocar nos comentários e responderemos lá mesmo.


Como funciona a NBA? #TeamMataMata ou #TeamPontosCorridos?

A NBA tem 30 times que são divididos em duas Conferências definidas geograficamente, a Leste e a Oeste. Estas são divididas em 3 divisões cada. Todos os times se enfrentam MUITAS vezes ao longo do ano, somando inacreditáveis OITENTA E DOIS jogos por temporada.

Tudo isso de jogo deveria definir um campeão, certo? Não. Eles definem só os campeões de divisão, que é algo que NINGUÉM dá a mínima. Na prática, a temporada regular serve apenas para definir os 8 primeiros colocados de cada Conferência, que então vão disputar os Playoffs.

Os Playoffs consistem em quatro fases de confrontos, todos em melhor-de-sete partidas. A princípio, o oitavo colocado de cada Conferência enfrenta o primeiro colocado, o sétimo colocado enfrenta o segundo e assim por diante, com o time de melhor campanha tendo mando de quadra (sim, mando de quadra importa demais!). Tem a primeira rodada, as semi-finais de Conferência, as Finais de Conferências e, finalmente, a Final da NBA, em que o campeão de cada Conferência se enfrenta pelo título geral. Essa divisão geográfica obriga que a Final seja sempre entre um time do Leste e um do Oeste.

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Quanto tempo dura essa loucura?

A temporada da NBA sempre tem um formato bem parecido, que é mais ou menos assim:

Outubro: Pré-Temporada e início da Temporada Regular
Novembro a Abril: Temporada Regular
Abril até Junho: Playoffs
Fim de Junho: Draft, a seleção de novatos que jogarão na temporada seguinte
Julho a Setembro: Offseason (férias, período de contratações, trocas, etc)


Por que a temporada dura tanto tempo? Quem em sã consciência disputa 82 partidas?!

Tradição e dinheiro. A NBA sempre teve esse número absurdo de jogos e é difícil mudar agora, especialmente porque menos jogos significam menos ingressos, menos tempo na TV e, logo, menos dinheiro. A princípio parece muito mesmo, mas basta a NBA entrar em hiato após as Finais e você logo irá desejar que a temporada fosse ainda mais longa. E até os próprios jogadores não reclamam, provavelmente porque menos jogos podem significar mais TREINOS, e ninguém gosta disso.


Como são definidos os jogos da temporada regular?

Todo time de uma Conferência enfrenta o da Conferência ADVERSÁRIA duas vezes por ano, uma vez em casa e outra fora. Isso dá 30 dos 82 jogos, já que cada conferência tem 15 equipes.

Contra os outros 14 times do seu próprio lado os jogos são divididos assim: 4 partidas contra os seus 4 times companheiros de divisão (16 jogos); contra as outras 10 equipes da mesma conferência, mas não da mesma divisão, alguns times se enfrentam 4 vezes, outros 3 vezes, somando os 36 jogos restantes.

Existe um revezamento para saber se um time enfrenta outro 3 ou 4 vezes na temporada. O Golden State Warriors (Divisão Pacífico), por exemplo, enfrentou o Minnesota Timberwolves (Divisão Noroeste) 3 vezes na temporada 2015-16, então pegou 4 vezes na temporada 2016-17.


Todos os melhores jogadores do mundo realmente jogam na NBA?

A resposta curta e grossa é SIM, mas sempre há o asterisco. Em geral as grandes estrelas globais estão na NBA e o fazem porque o campeonato é de melhor nível, tem maior visibilidade e é mais lucrativo do que qualquer outro.

Mas existem casos em que as ambições do jogador podem fazer ele deixar a Liga. Veja o caso de Juan Carlos Navarro, por exemplo. O ‘La Bomba’, um dos maiores jogadores europeus da história, já era consagrado na Espanha quando resolveu tentar a sorte na NBA e passou um ano no Memphis Grizzlies. Ele não brilhou logo de cara, mas foi muito bem e tinha tudo para melhorar em um segundo ano – que nunca aconteceu.

Navarro preferiu ser o protagonista, titular absoluto e herói nacional jogando no Barcelona ao invés de seguir brigando por uma vaga de titular no então mediano time do Grizzlies. Garantiu espaço, arremessos importantes, morou em Barcelona e disputou inúmeros jogos importantes e decisivos do Campeonato Espanhol e da Euroliga. Eventualmente outros jogadores também acabaram abrindo mão do sonho da NBA por uma vida de mais protagonismo – e eventuais melhores salários – na Europa.

Há também os casos das promessas muito jovens. É preciso ter ao menos 19 anos para participar do DRAFT da NBA como estrangeiro, então promessas, como o esloveno Luka Doncic –hoje no Real Madrid– apenas aguardam a chance de mudar para os EUA.


E esse Draft que você falou aí, que raios é isso?

Imagina que ao final de toda Copa São Paulo de Futebol Junior, o último colocado do último Brasileirão tivesse a chance de escolher um entre qualquer pirralho-revelação para o seu time. Isso é o Draft. É o momento do ano onde todos os times da NBA podem selecionar novos jovens jogadores para a liga. Cada time tem duas escolhas e elas são ordenadas de acordo com o resultado da temporada anterior. Este post explica com detalhes como funciona a matemática toda do sorteio.


OK, saquei a estrutura do campeonato. Mas no meio dessas dúzias de jogos, quem eu devo assistir? Quem é o personagem principal?

A NBA não tem aquele esquema de “time grande” e “time pequeno” que vemos no futebol. Algumas franquias tem mais tradição, história, ídolos e conquistas, é claro, mas isso não quer dizer que elas estejam sempre no topo. Há cinco anos o Cleveland Cavaliers e o Golden State Warriors não estariam na lista de relevância de ninguém, hoje eles dominam a liga e se enfrentaram nas últimas TRÊS finais, um recorde.

Os dois maiores campeões da história, Boston Celtics e Los Angeles Lakers, por exemplo, viveram períodos difíceis de derrotas no passado recente. O Celtics deu a volta por cima rápido e já está no topo do Leste de novo; o Lakers segue no poço do Oeste.

Separamos então 7 times que valem a pena o investimento da atenção de quem chegou agora.

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1. Golden State Warriors: Foi o time campeão em 2015 e vice em 2016 e novamente campeão em 2017. Pense em um recorde histórico e ou o Golden State Warriors já o conquistou, está perto ou é viável que bata no futuro próximo. O elenco não parecia estrelado quando começou, mas todos os jogadores cresceram para virarem os melhores eu suas funções. Steph Curry detém praticamente todos os recordes que envolvem arremessos de 3 pontos (mais de 400 feitos numa temporada, 13 em um único jogo) e já foi o MVP –prêmio de melhor da temporada– duas vezes. Draymond Green é o atual vencedor do prêmio de melhor defensor da NBA. No último ano, embora já fossem um dos melhores times DA HISTÓRIA, ainda conseguiram fisgar Kevin Durant, provavelmente um dos melhores e mais completos jogadores desta geração. O domínio parece que não vai terminar tão cedo.

1. Cleveland Cavaliers: O time do grande jogador da atualidade e já um dos melhores de TODOS OS TEMPOS, LeBron James, perdeu do Warriors a final em 2015 e conseguiu o título em 2016, acabando com a seca de títulos da cidade de Cleveland, que não via um troféu de qualquer grande esporte profissional dos EUA há 52 anos (!!!). Ele não conseguiu repetir o feito em 2017, foi vice. Ele esteve presente nas últimas SETE finais da NBA, 4 com o Miami Heat, 3 com o Cavaliers. O time mudou um pouco em relação ao ano passado: o escudeiro de LeBron James, Kyrie Irving, PEDIU PARA SAIR e foi para o rival Celtics, que cedeu o pequenino Isaiah Thomas. Duas estrelas em decadência, Derrick Rose (após dúzias de lesões) e Dwyane Wade (tá velho!), também se juntam ao Cavs em busca de redenção na carreira.

3. San Antonio Spurs: O time do técnico Gregg Popovich, que está há duas décadas no cargo, se classifica para os Playoffs há VINTE temporadas consecutivas. A segunda maior marca em atividade, do Atlanta Hawks, é de míseras 9 temporadas. Os 19 primeiros anos tiveram Tim Duncan como rosto do time, mas ele foi embora e a máquina ainda funciona perfeitamente, agora comandada por Kawhi Leonard. Aprenda desde já, novato: não importe o que mude ou não mude na NBA, nunca duvide do Spurs.

4. Boston Celtics: Com 17 títulos, é a franquia com mais títulos na história da NBA. Depois do troféu de 2008 e uma sequência de boas temporadas, o time se desmanchou, investiu em jovens jogadores e no técnico Brad Stevens, um treinador pirralho que fazia sucesso no basquete universitário. Tudo deu certo ATÉ DEMAIS e eles já foram um dos melhores times da NBA no último ano! Mas mesmo assim o plano não mudou: apesar do apego emocional, os jovens que lideraram a reviravolta acabaram saindo do time em nome da contratações de jogadores de peso como Al Horford, Gordon Hayward e Kyrie Irving, que veio do rival Cavaliers. Agora eles miram o título.

5. OKC Thunder: Foi o grande time a não ganhar nada nesta década. Todos os anos eles tinham um elenco espetacular, talentos jovens brotando do chão e alguma coisa, desde lesões até derrotas dramáticas, tirava a chance do título que parecia inevitável. Uma dessas estrelas era Kevin Durant, eleito o Melhor Jogador da Temporada em 2014, foi para o Warriors – o time que o derrotou na última final do Oeste. O duro golpe foi respondido, porém: Russell Westbrook, que sobrou como a estrela solitária do time, carregou o time aos Playoffs e foi eleito o MVP do último ano. Nesses meses de férias, o time TIROU COELHOS DA CARTOLA para colocar as estrelas Paul George e Carmelo Anthony ao lado de Westbrook. Agora vai?

6. Minnesota Timberwolves: Talvez eles ganhem quase 50 jogos, o que seria uma marca impressionante, talvez nem se classifiquem para os Playoffs, difícil saber agora. Mas esse time tem um dos maiores talentos da nova geração, o pivô Karl-Anthony Towns, e uma porrada de jogadores muito jovens e muito bons, como Andrew Wiggins. Para completar, adicionaram experiência com a contratação do All-Star Jimmy Butler. Eles são o “time do futuro” há uns 9 anos, no mínimo, mas agora parece que finalmente VAI! E se for, você vai querer ter visto de perto o seu começo. Se não for, você vai querer dizer que já sabia que não ia dar em nada.

7. Houston Rockets: Lar de James Harden, aquele-lá-da-barba, o Houston Rockets é um grande experimento estatístico. Comandado pelo manager Daryl Morey, um dos responsáveis por trazer a análise de dados para a NBA, o time do Texas estudou o bastante para descobrir que arremessos de 3 pontos são a chave para a vitória. É o time que mais chuta bolas lá de longe e tudo o que fazem de algum respaldo histórico/estatístico para acontecer. Uma das receitas para títulos? Ter mais de uma mega-estrela-que-domina-jogos no elenco, e por isso eles trouxeram o genial Chris Paul para ajudar Harden neste ano. O time é um dos que mais vence jogos nos últimos DEZ ANOS, está sempre lá em cima na tabela, mas a sala de troféu só tem aqueles dois vencidos nos anos 1990.


Com tantos times e tantos jogadores, quem são as grandes estrelas que eu deveria ficar de olho?

Na última temporada a NBA se despediu de grandes estrelas que fizeram história, como Kobe Bryant, Tim Duncan e Kevin Garnett, mas outras estrelas já estão escrevendo a própria história e outras acabaram de chegar já querendo criar seus legados. Por conta do sistema de Draft, em que todos os anos as equipes escolhem os melhores jovens talentos para adentrar na NBA, sempre há um bom equilíbrio entre estrelas em declínio, estrelas consagradas e jovens que se tornarão estrelas muito em breve. Separamos um misto delas com 8 das principais estrelas para acompanhar:

Curry

1. Stephen Curry: O armador que simplesmente virou a NBA do avesso. Conforme as estatísticas mostravam que os arremessos de três pontos eram uma excelente ideia e os times tentavam se adaptar a isso, Curry já estava pronto como o melhor arremessador da Liga, com uma distância de arremesso sem paralelos na História do esporte, sendo uma ameaça real aos seus defensores até quando está no meio da quadra. Além disso, Curry é um jogador veloz, habilidoso, que sabe usar muito bem o corpo frágil que tem para encontrar espaços no ataque. Quando ninguém achava que sua temporada de MVP em 2015 pudesse ser igualada, ele foi lá e fez ainda melhor ao ganhar o prêmio de novo em 2016.

 

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2. LeBron James: Uma estrela desde o Ensino Médio, quando era tido como o futuro do basquete, LeBron chegou na NBA já jogando em altíssimo nível e levando o então péssimo Cleveland Cavaliers às chances de título. Após perder algumas finais de NBA e de Conferência com elencos de apoio questionáveis, LeBron resolveu abandonar a equipe e jogar no Miami Heat com outras duas estrelas que eram seus amigos pessoais, Dwyane Wade e Chris Bosh. A decisão de deixar a equipe foi televisionada ao vivo, o que lhe rendeu uma má fama e uma posição de “vilão” conforme venceu dois títulos em Miami. Após os campeonatos, voltou para Cleveland para tentar vencer a “maldição” que assolava a equipe e foi enfim campeão com eles em 2016, colocando seu nome em definitivo entre os grandes de todos os tempos.

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3. Kevin Durant: Uma máquina de fazer pontos, com uma combinação de habilidade, arremesso e tamanho quase impossível de marcar. Kevin Durant passou a carreira toda com o OKC Thunder em busca de um título e quando chegou mais perto da proeza, perdeu para o Miami Heat na final de 2012. Mas seu contrato acabou e Durant resolveu abandonar a antiga equipe, com seu companheiro inseparável Russell Westbrook, para jogar no já dominante Warriors, em busca de um basquete mais alegre, simples e inteligente. Deu certo: ele foi campeão em 2017 e levou para casa o troféu de melhor jogador das Finais.

Harden

4. James Harden: Antigo companheiro de Kevin Durant no Thunder, Harden cresceu mais do que sua função na equipe permitia e foi negociado após não aceitar um contrato nem-tão-rico em Oklahoma. Em Houston, Harden ganhou essa chance e se transformou num dos melhores jogadores de ataque da NBA, misturando arremessos de longa distância, força nas infiltrações e a incrível capacidade de sofrer faltas sem parar. Foi o responsável direto pelo sucesso inesperado do Rockets nas últimas temporadas, mas sua defesa preguiçosa e questionável tem lhe rendido uma má fama nos últimos tempos. Foi segundo colocado nas votações de MVP em 2015 e 2017. Ah, e sua barba é fenomenal!

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5. Anthony Davis: Uma das jovens estrelas da NBA, Anthony Davis é uma das caras do basquete atual: um jogador muito alto, que poderia ser um pivô, mas que bate bola como se fosse baixinho, dribla, corre a quadra toda, arremessa de qualquer lugar e de qualquer distância, sabe passar a bola e se dedica igualmente ao ataque e à defesa. Sua marca registrada é a monocelha, que ele se recusa a separar. A expectativa é que ele brigasse pelo prêmio de melhor jogador da temporada passada, mas uma série de lesões o deixou fora da maior parte dos jogos. Se ficar saudável, vai dominar esse negócio de basquete.

6. Russell Westbrook: Lá em 1962 um jogador chamado Oscar Robertson acabou a temporada da NBA com uma média de triple-double. O que isso quer dizer? Quer dizer que ele alcançou números de ao menos 10 rebotes, 10 assistências e 10 rebotes POR JOGO ao longo de OITENTA E DUAS PARTIDAS. Foi algo surreal e nunca igualado. Quando muito, alguém fazia 5 ou 6 triple-doubles em uma temporada, como ter MÉDIA disso por um ano todo? Pois bem, Russell Westbrook não gostou de ser abandonado por Kevin Durant, colocou seu OKC Thunder nas costas e bateu um dos recordes mais inimagináveis da história. Terminou o último ano com marcas de 31.6 pontos, 10.4 rebotes e 10.7 assistências! Histórico, fenomenal e tudo isso com estilo e força nunca antes vistos na Terra:

7. Dirk Nowitzki: O maior jogador alemão da história! Tá bom, a concorrência não é muito acirrada, mas certamente é um dos melhores europeus da história do basquete e da NBA. Foi um dos primeiros jogadores com mais de 2,10m de altura a se destacar mais por seu arremesso de longa distância do que pelo jogo próximo à cesta. Foi MVP da NBA em 2007, sofreu inúmeras derrotas traumáticas nos Playoffs e conseguiu finalmente a consagração sendo campeão de maneira inesperada em 2011. Passou a sua longa carreira inteira no Dallas Mavericks e faz parte da geração dos agora aposentados Kobe, Duncan e Garnett. Aproveite que chegou a tempo e veja o arremesso mais estranho e lindo da NBA sempre que possível antes que ele se aposente, é uma obra de arte em movimento. É bem possível que este seja o último ano de carreira dele.

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8. Chris Paul: Armador do Los Angeles Clippers, Chris Paul é um armador “clássico”, com um estilo cada vez mais raro na NBA. Sua função é construir as jogadas para os outros jogadores, o que Paul faz com um misto impressionante de precisão nos passes, velocidade e capacidade de pontuar quando lhe dão espaço. Apesar de ser um das melhores da função em todos os tempos, é assombrado por nunca ter passado da segunda rodada dos Playoffs. Seu contrato chegou ao fim, ele já passou dos 30 anos e decidiu embarcar numa aventura ao lado de James Harden no Houston Rockets.


O que é essa tal sigla “MVP” que você cita de vez em quando? É uma doença sexualmente transmissível?

“MVP” é a sigla para “Most Valuable Player“, algo como “Jogador Mais Valioso”. Trata-se do prêmio dado ao fim de cada temporada para o jogador que é considerado o mais “valioso” para sua equipe. O termo é completamente subjetivo, eu sei, mas o prêmio costuma levar em consideração quais jogadores mais ajudam suas equipes a vencer e normalmente só vai para jogadores que estejam em times bons, com campanhas vitoriosas. Embora o prêmio seja meio nebuloso e nem sempre muito confiável, é um bom termômetro para saber quem são os jogadores mais comentados e analisados durante uma temporada. O maior vencedor em atividade é LeBron James, que já levou quatro troféus pra casa. Dá pra ver a lista de vencedores aqui! 


Para que time eu devo torcer? O que cada time representa?

Alguns times ficam fortemente associados a uma certa postura, dentro ou fora das quadras, que lhes dão alguma identidade. Mas a verdade é que essa postura – seja ela comportamental ou simplesmente uma série de escolhas táticas – não costuma durar muito tempo porque a NBA favorece muito os processos de reconstrução das equipes, trocas de jogadores e novas contratações ao longo da temporada. Se o Detroit Pistons foi o time dos “Bad Boys” mal encarados nos anos 80, bastou que o elenco se desmanchasse para o rótulo virar farofa.

O Phoenix Suns já foi o time da velocidade, o Houston Rockets já foi o time dos pivôs, Los Angeles Lakers e Boston Celtics já foram os times que sempre ganhavam título, o Chicago Bulls já foi o time a ser batido, mas nenhuma dessas alcunhas resiste ao teste do tempo. Em poucos anos, o Golden State Warriors foi de time piada, sinônimo de caos na organização, para se tornar o modelo a ser seguido por todas as equipes. Nem o nome das equipes acaba se sustentando por muito tempo como representante de uma identidade: não só alguns nomes simplesmente mudam como também temos nomes que faziam sentido em outros tempos, em outras cidades que não as cidades atuais das equipes, e não representam mais simbolicamente suas equipes (a história de todos os nomes dos times pode ser acompanhada aqui, em inglês).

Isso quer dizer que, já que estamos distantes dos motivos geográficos e familiares que costumam pautar a escolha de qual equipe torcer, só nos resta alguma narrativa bem recente: os times que são os mocinhos ou os vilões nesse momento, o estilo de jogo que mais lhe agrada ou até mesmo o time em que está o seu jogador favorito. Há também a possibilidade de escolher a maior torcida, se você quer fazer parte de uma grande família (no caso, o Los Angeles Lakers), ou a menor torcida, se você quer se sentir único no mundo (no caso, o Brooklyn Nets). Um mapa de todas as torcidas dos Estados Unidos pode ser visto abaixo para ajudar em sua escolha semi-aleatória.

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Com o tempo, o costume com uma determinada equipe e o prazer de conhecer um time a fundo acabam falando mais alto do que o motivo inicial meio randômico que fez com que você torcesse para ele no princípio de tudo.

Mas há ainda uma outra opção, mais radical: já que a maior parte de nós não mora dentro das linhas imaginárias dotadas de um time da NBA nem tem parentes que fizeram questão de nos vestir com uniformes da NBA específicos desde bebês, podemos nos dar ao luxo de NÃO TER UM TIME PARA TORCER. É que a NBA tem tantas histórias incríveis, tantos jogadores espetaculares e tantos jogos acontecendo ao mesmo tempo que às vezes parece um desperdício se focar apenas em um. A princípio, torcer para um time é um modo de se familiarizar com a NBA sem ter que lidar com tantas equipes e jogadores, mais a medida que você ficar mais confortável, descobrirá os prazeres de acompanhar até os times mais inexpressivos durante a temporada.


São sempre os mesmos times que ganham? Quem perde demais é rebaixado?

A NBA funciona num modelo diferente do que estamos acostumados com outros esportes, o sistema de franquias. A NBA, como marca, vende 30 franquias – as atuais 30 equipes da Liga – e garante a elas que terão as mesmas oportunidades de lucro, de exposição e de vitórias. Isso significa que há um esforço genuíno nas regras para que todos tenham as mesmas chances, o que inclui não apenas uma rotatividade grande de vencedores mas também a inexistência do rebaixamento.

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Às vezes acontece de uma equipe muito boa dominar a NBA por alguns anos, em casos raros até uma década, mas eventualmente esses domínios vão minguando e outras equipes conseguem chegar ao topo. Isso se deve em parte ao fato de que existe um “teto salarial”, um limite de quanto cada time pode gastar com o salário de suas estrelas, então se um jogador começa a ficar muito bom ele pedirá um salário maior que a atual equipe talvez não possa pagar, levando-o para outra equipe. Mas a parte principal dessa rotatividade de campeões está no sistema de Draft, em que os piores times da temporada possuem prioridade na hora de escolher as novas jovens estrelas que entrarão na NBA na temporada seguinte.

Esse sistema de Draft é complexo, envolve um sorteio para impedir que times percam de propósito e você pode entender exatamente como ele funciona num outro post introdutório que escrevemos por aqui, mas o mais importante de entender é que ele nutre as piores equipes com os melhores novos talentos, ajudando a equilibrar as equipes. Ao invés de serem rebaixados, os piores times podem se reerguer e, se fizerem tudo certo, podem ter chances de título rapidamente.

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Alguns times que ficam em mercados menores, com menos torcedores e sem muita atenção da mídia, sofrem um pouco mais para montar bons elencos, mas a NBA tenta compensar isso mandando uma parte do dinheiro ganho pelos times mais populares para ajudar os times menores. Alguns times podem ficar no topo ou no fundo por anos, mas o equilíbrio da NBA é notório e estatisticamente superior a maioria das outras ligas.


Já sei quais times e quais jogadores olhar, mas com tanta coisa acontecendo em quadra, no que eu deveria estar me focando enquanto o jogo acontece?

A parte mais importante para aproveitar qualquer esporte é conhecer as coisas normais dele, o padrão, o banal, aquilo que é rotineiro e sem graça, para aí sim conseguir se divertir com o que é fora da curva, com a exceção, o absurdo, a maravilha, a história sendo feita.

Conhecer o “normal” de um esporte leva algum tempo, então é perfeitamente comum que a princípio você não seja capaz de perceber o que está acontecendo de realmente interessante em quadra. Por isso, tente ter paciência e ao menos no começo aproveitar o jogo de uma maneira mais ampla, sem muitos detalhes, para entender de forma genérica como ele funciona. Se a quantidade de coisas acontecendo em quadra for demais e te der VERTIGEM, tente se focar num único duelo individual: escolha um jogador e acompanhe apenas ele no ataque e na defesa, veja como ele se movimenta sem a bola, como ele é marcado, como ele marca, o que parece funcionar e o que parece lhe incomodar. A chave aqui é consistência: quanto mais você acompanhar apenas um jogador, mais rapidamente será capaz de traçar um padrão na cabeça, de saber o que é comum para aquele jogador, e aí será capaz de compará-lo com outros jogadores para ter uma visão do basquete como um todo. Aos poucos, comece a comparar não apenas duelos individuais e jogadores, mais times inteiros, analisando as escolhas diferentes que eles fazem na hora de atacar e de defender, e como se movimentam em quadra.

Por fim, aprenda a ver o jogo através dos números: cada partida possui um boxscore, uma planilha com os feitos de cada jogador e que conta, com números, a história da atuação das equipes. Essas planilhas são muito úteis para entender quais são as atuações comuns na NBA e quais são as atuações extraordinárias, e vão ajudar você a encontrar o que há de especial acontecendo numa quadra de basquete. Precisa de ajuda para entender essa estranha planilha cheio de números mágicos e cabalísticos? Então aguarde um pouquinho que o Bola Presa em breve te guiará nessa jornada.

Os boxscores podem ser vistos nas páginas de resultados da rodada, como essa da ESPN.

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Onde posso assistir aos jogos da NBA então?

Na televisão, as transmissões são da ESPN e do SporTV. Pela internet, se você estiver disposto a investir, o paraíso dos fãs é o League Pass, que te dá o direito de ver TODOS OS JOGOS da temporada, na hora que quiser. É um pouco caro e cobrado em dólar, mas vale a pena pra quem quer mergulhar de cabeça!


Sem querer incentivar a poligamia e respeitando a moral e os bons costumes, mas onde mais, além do Bola Presa, posso acompanhar a NBA em português?

Para notícias, nenhum site nacional supera o Jumper Brasil. Análises e comentários você pode encontrar no Triple-Double (que também tem sua seção para iniciantes), no Two-Minute Warning (especialmente no seu Twitter) e no Bala na Cesta.

Estes são nossos favoritos, mas existem ainda muitos outros, especialmente no Twitter. A cobertura da NBA no Brasil existe basicamente porque um monte de fãs resolveram levar basquete mais a sério do que seria saudável e gastar seu tempo e energia com isso. É só fuçar por lá e achar quem mais te apetece. =)

E, claro, não podemos deixar de lado esse que vos fala, o Bola Presa, que já está na ativa há 10 anos com foco em análises profundas e bem-humoradas e um plano de assinaturas capaz de lhe oferecer o que há de melhor em nosso conteúdo. Fique de olho nos outros posts – e podcast! – que estarão disponíveis aqui no blog nessa semana e que continuarão a missão de ajudá-lo a mergulhar de cabeça no mundo da NBA. Até lá!

Torcedor do Rockets e apreciador de basquete videogamístico.

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