Guia de Viagem – Parte 3: Houston

Em março deste ano o Bola Presa fez sua primeira viagem para assistir a jogos da NBA nos Estados Unidos, com nossas impressões registradas em tempo real no Instagram e em podcasts especiais gravados ao longo da viagem de 15 dias. Agora estamos contando melhor a experiência, na esperança de entreter e ajudar nossos leitores e ouvintes com algumas histórias e dicas que possam facilitar (e incentivar) a realização de viagens similares.

Antes de prosseguir, não deixe de ler nosso “Guia de Viagem – Parte 1“, em que relatamos a preparação necessária e o planejamento da viagem, e o “Guia de Viagem – Parte 2“, sobre nossa estadia em New Orleans. Nessa terceira parte de nosso Guia, falaremos de nossa passagem pela cidade de Houston, casa do meu amado Houston Rockets!


Transporte

A viagem de New Orleans para Houston foi feita com um ônibus de viagem, bem barato, da companhia Greyhound. O preço módico condiz com o serviço: o ônibus era velho, apertado, com internet e tomadas que não funcionavam e funcionários pouquíssimo prestativos nas rodoviárias. O pessoal que tomou o ônibus com a gente também não ajudou a tornar a viagem mais fácil: foram 5 horas de gritaria, gente comendo, um cara bêbado que não cedeu o assento para que uma mãe pudesse sentar com sua filha bebê e um pessoal ocupando muito, muito mais espaço do que o necessário num ônibus em que as pernas já ficam naturalmente apertadas.

Vencida essa primeira etapa, se locomover em Houston se mostrou muito mais fácil. Embora tenhamos caído no erro de alugar um quarto a “15 minutos do centro” achando que o tempo informado seria a pé, não dentro de um carro, nos primeiros dias optamos por andar porque nossa hospedagem era ainda assim perto o bastante. A pé é possível visitar a maior parte da área central da cidade, que inclui o ginásio do Rockets, o estádio de baseball do Astros, os prédios públicos, o distrito comercial com seus arranha-céus gigantes, o parque “Discovery Green” em frente ao ginásio, e o “Sesquicentennial”, um parque que percorre boa parte da extensão do rio Buffalo Bayou.

Houston é a cidade mais populosa do Texas e a quarta maior dos Estados Unidos, ou seja, ela é gigante. Praticamente não saímos do seu “anel central” – a cidade é delimitada por rodovias que criam vários círculos, uns dentro dos outros, e ficamos no círculo menor, bem no centro. Andar se mostrou o suficiente, mas alugamos bicicletas municipais para poder atravessar os parques e usamos os ônibus públicos quando queríamos poupar as pernas ou simplesmente chegar mais rápido. Os ônibus funcionam bem, com passagens que podem ser compradas num aplicativo de celular e valem por um dia inteiro – você paga um valor e depois basta mostrar a tela do seu celular para o motorista, com um código que desaparece depois de 24 horas. Há também um metrô de superfície (que não para de buzinar o tempo todo, porque as pessoas atravessam na sua frente) mas que só percorre o distrito comercial e ignoramos totalmente. De qualquer maneira, perto dos apuros de New Orleans o transporte público de Houston pareceu impecável.

O único problema é que para acessar os anéis mais distantes do centro é preciso pegar um outro tipo de ônibus, que exige um outro tipo de aplicativo, com valores diferentes. Só passamos por isso uma vez, para visitar a NASA, que fica numa região inteiramente afastada e é preciso pegar a estrada. Descobrir qual ônibus aceita qual tipo de aplicativo ou de passagem é uma bagunça e vimos outros turistas tão atrapalhados quanto a gente. Pior ainda é descobrir quando cada ônibus PARA DE PASSAR, porque os horários de cada um são diferentes. Na região central em que nos hospedamos os ônibus paravam lá pelas 23h, o que acabou nos deixando na mão por algumas vezes. Aliás, foi tendo que andar tarde da noite que encontramos gente jogando basquete nos arredores do ginásio do Rockets, um basquete não muito técnico no ataque mas SURREAL de pegado na defesa, de modo que não nos sentimos aptos a participar.

Mas na região da NASA, o último ônibus saía às 19h – ou seja, é claro que ficamos PRESOS numa região afastadíssima sem nenhum transporte público com o qual contar só porque saímos da NASA meia hora depois dos ônibus deixarem de circular. Não tivemos como deixar de gargalhar quando o Google Maps simplesmente nos sugeriu que esperássemos até às 6h do dia seguinte para pegar o próximo – ou que andássemos por 12 horas, claro. Foi mais uma vez que em que o Uber teve que nos salvar – e estripar nossos bolsos. Fora isso, usamos pouco o Uber em Houston, sempre em viagens curtas e valores módicos em ocasiões especiais.


Hospedagem

Em Houston ficamos em nosso primeiro quarto de Airbnb da viagem. Antes de ir para Houston fomos avisados pela anfitriã de que era necessário baixar um aplicativo de “chave eletrônica” que automaticamente sincronizou com as informações do nossa futura hospedagem. Quando chegamos, bastou colocar o celular com o bluetooth ligado próximo à fechadura da casa e a porta magicamente se destrancou, coisa de outro planeta. Demoramos alguns dias para encontrarmos a dona da casa, já que nosso quarto e banheiro ficavam em um andar à parte, nossos horários não coincidiam e preferimos não usar a cozinha, que segundo o anúncio também estava disponível. Quando enfim a encontramos foi super simpática, se certificou se estávamos bem e seguiu com a vida – graças à tranca eletrônica, tínhamos total liberdade para entrar e sair quando bem entendíamos, sem muito contato. Pagamos cerca de 75 reais cada um na diária, num quarto muitíssimo confortável, internet boa e o mais perto da área central que encontramos. Também tínhamos um banheiro no qual eu jamais teria sido capaz de tomar um banho caso o Denis não tivesse usado sua experiência internacional e me ensinado a ligar o chuveiro: a torneira faz com que a água saia diretamente para a banheira, a não ser que se use uma “trava” que faz com que a água enfim saia no alto, pelo chuveiro. Aviso: não foi a única vez em que apanhei para uma TORNEIRA nessa viagem. É surreal como pequenas mudanças em coisas com as quais estamos plenamente acostumados são capazes de nos confundir por completo. Some a isso o fato de que muitas torneiras nos Estados Unidos não são padronizadas e o resultado é um homem adulto constantemente olhando para uma pia como se estivesse lidando com FÍSICA NUCLEAR.


NASA e Minute Maid Park

Na espera para o jogo da NBA que assistiríamos, fizemos dois passeios dignos de nota: as instalações da NASA e o Minute Maid Park, o estádio do Houston Astros. A NASA tem suas dificuldades de transporte (descobrir os ônibus e SE ATENTAR AOS HORÁRIOS DELES) e o ingresso custa 25 dólares, mas é uma visita que vale a pena. Além do museu, em que é possível ver uma galeria de trajes espaciais (incluindo um traje russo), cápsulas de aterrissagem, peças das naves e muitos objetos históricos das missões espaciais, também existem três passeios diferentes para conhecer as instalações da própria NASA. São filas gigantescas e, pela duração deles, é impossível fazer todos. Optamos pelo mais longo, que passava pela sala de controle das missões, a área de protótipos e o galpão dos foguetes. Os outros passeios (que pelo jeito mudam periodicamente) incluíam a área de testes e as salas de treinamento para os astronautas.

O passeio exige que todos subam numa espécie de trem que atravessa a gigantesca área da NASA, em meios aos prédios e gente trabalhando. A sala de controle de missão é a parte mais bizarra, porque você fica assistindo como se fosse um aquário gente que está de fato no HORÁRIO DE TRABALHO monitorando a vida de astronautas na Estação Espacial Internacional. Já pensou se seu escritório de trabalho tivesse uma janela enorme por onde turistas ficassem te assistindo todos os dias? Totalmente insano. Mais maluco que isso só o TAMANHO dos foguetes responsáveis pelas missões Apolo – as instalações da NASA em Houston mantém as versões de “teste” de tudo que foi usado e, portanto, destruído nas missões reais, e a proporção das coisas é inacreditável.

Além disso ainda tem muitas atividades para as crianças – muita coisa promovendo o interesse e o estudo pelas Ciências – e lojinhas abarrotadas de gente com tudo quanto é tipo de bugiganga imaginável. Pra quem tem filhos, acredito que seja um passeio pra se fazer em mais de um dia, e te DESAFIO a não comprar um traje espacial infantil. Só não comprei um porque eu não cabia dentro por ter mais de 5 anos de idade.


Quanto ao Houston Astros, infelizmente não era ainda época de baseball e não pudemos ver um jogo, mas por 15 dólares fizemos um tour completo pelo estádio. Não manjo absolutamente NADA do esporte e da equipe, mas mesmo assim foi um passeio impressionante, não apenas pela estrutura – o tamanho de tudo, um dos maiores tetos móveis para impedir que se jogue embaixo do sol texano, um telão monumental, a quantidade absurda de tipos diferentes de lugares, cadeiras e salas para se ver os jogos variando da cadeirinha de madeira tradicional até mini-apartamentos com cozinha – mas também pela quantidade surreal de história que está em todos os lugares.

Há fotos de todos os elencos de todos os anos, anedotas sobre essas fotos, uma visita pelo lugar em que se anotam os pontos manualmente por questão de “tradição”, e a proibição de se TOCAR na grama porque apenas o jardineiro, que é o mesmo há décadas, pode tocá-la por motivos assumidos de SUPERSTIÇÃO. Dá pra ver como o baseball vive dessas narrativas, de modo que os guias não param de falar um minuto para tentar te incluir nessa longa tradição. Único ponto negativo do passeio é a lojinha mais cara da história da humanidade, não dá pra comprar nem um chiclete.


Houston Rockets e San Antonio Spurs

No dia seguinte à nossa chegada à cidade, o Rockets recebeu o Spurs num clássico texano. Não conseguimos ingressos porque o jogo foi concorrido por torcedores dos dois times, e ainda era a “noite de bobblehead” do Trevor Ariza, um brinde disputado e que aumenta a procura pelo ingresso. Fomos até o ginásio antes do jogo para ver se havia sobrado algum ingresso barato, mas sem sucesso. Como veríamos o Rockets alguns dias depois (contra o Clippers) e o Spurs outras duas vezes (em nossa passagem por San Antonio), achamos que não valia a pena vender as cuecas pelas entradas. Ao invés disso, demos uma olhada na lojinha do time e no memorial ao Hakeem Olajuwon.

A loja é bem mais sem graça do que a do Pelicans, com menos produtos e preços bem mais salgados. De legal mesmo apenas os uniformes do Rockets em sua versão em chinês, uma clara tentativa de pegar os turistas chineses que acompanham o time desde o draft de Yao Ming em 2002. Aliás, é muito impressionante ver como Yao Ming colocou Houston de maneira definitiva no mapa dos turistas chineses, e como sua camiseta continua sendo vendida por lá: vimos eles por todos os lugares, mas especialmente na NASA, em grupos enormes, ainda que não falem uma única palavra em inglês.

Depois da passagem pela loja, ficamos nos arredores (o parque “Discovery Green”, pertinho dali, virou uma espécie de quartel general nosso enquanto esperávamos qualquer coisa) e na hora do jogo fomos acompanhar a chegada das pessoas. Foi incrível ver a quantidade de gente com a camiseta do Spurs, o time visitante, sem nenhum tipo de preocupação ou confronto, incluindo um número enorme de casais, cada um com a camiseta de um dos times. Ficamos por ali ganhando brindes, participando de promoções (incluindo a famigerada vez em que eu respondi certo a uma pergunta, mas baixinho, e um cara do meu lado escutou e resolveu gritar a resposta para ganhar um monte de prêmios bacanas) e, quando o jogo foi de fato começar, fomos para um bar próximo e assistimos por lá mesmo, o que foi bem legal – especialmente pela comida.


Houston Rockets e Los Angeles Clippers

Três dias depois foi a hora de entrarmos pela primeira vez no ginásio do Rockets – e nossa primeira vez nos Estados Unidos com credenciais de imprensa. Chegamos assim que o ginásio foi liberado para os jornalistas e fomos recebidos por um responsável que, além de nos entregar as credenciais, fez um tour pelas instalações, tirou todas as nossas dúvidas e nos apresentou os lugares em que acompanharíamos o jogo. Ficamos numa posição muito parecida à das câmeras, próximos aos narradores dos rádios e das televisões. Para mim foram os melhores lugares que tivemos na viagem, consideravelmente próximos, num ângulo lateral e quase na linha do meio da quadra. Além disso, nossos lugares continham mesas para fazermos anotações e uma tela com um boxscore da partida atualizado em tempo real para ajudar em nossos textos. Fomos avisados também que ao fim de cada quarto ganharíamos versões impressas dos boxscores para auxiliar em qualquer consulta que fosse necessária.

Por mais que eu quisesse AGARRAR aqueles lugares com unhas e dentes e não sair NUNCA MAIS, não ficamos por lá esperando o jogo começar. Havia uma área interna para a imprensa, com lugares para escrever e muito, muito material estatístico sobre as duas equipes, seus trajetos na temporada, recordes históricos e informações importantes sobre cada um dos jogadores. Quando os jornalistas dizem no meio de um jogo que algum recorde obscuro foi quebrado não é responsabilidade da boa memória e nem do Google, mas sim desses cadernos que são distribuídos livremente para todos os jornalistas. Pegamos as nossas cópias – que futuramente sorteamos para nossos assinantes – e começamos a nos preparar para o jogo e as entrevistas. Recebemos os horários das entrevistas pré e pós-jogo dos técnicos e um aviso de que teríamos acesso aos vestiários para entrevistas após o término da partida, com a única restrição de que não poderíamos tirar fotos por lá.

A emoção de ver um jogo do Rockets ao vivo se somou, ali, com coisas demais: a emoção de estar no ginásio, vendo as camisetas aposentadas de um time que acompanho com carinho desde que conheci a NBA; a emoção de saber que estaríamos na mesma coletiva de imprensa que Mike D’Antoni; a emoção de saber que estaríamos nos vestiários, com todos os jogadores; e, além disso, a emoção de tentar uma entrevista com Nenê. Meu estômago parecia uma BRIGA DE GATOS e fui totalmente incapaz de experimentar a comida disponibilizada para a imprensa por preços simbólicos. Terminamos de elaborar as perguntas, vimos D’Antoni responder a duas perguntas de outros jornalistas e fugir em segundos, e então fomos para nossos lugares.

Foi um bom jogo, sem nenhum desfalque por parte do Rockets, e uma torcida muito mais empolgada do que aquela que vimos em New Orleans. Havia um grupo de torcedores com cantos e camisetas padronizadas, mas toda a torcida em geral era simplesmente mais barulhenta, mais engajada e mais ativa do que havíamos presenciado. Era evidente que estávamos vendo não apenas um grande time, mas também uma torcida que historicamente é apaixonada pela equipe.

Quando o jogo terminou, entramos num elevador para chegar no subsolo, onde ficam os vestiários e onde participaríamos das entrevistas. Como demoramos um pouco, porque ficamos vendo a festa da torcida com a vitória, acabamos entrando no elevador por último junto com algumas câmeras de televisão gigantes e seus operadores. Ficamos praticamente esmagados entre as câmeras e a porta do elevador, de modo que assim que elas abriram fomos CUSPIDOS para fora. E foi assim que eu quase trombei com James Harden, que estava passando por ali – gigantesco, largo, sobre-humano, muito mais forte do que a televisão ou a distância tornam possível perceber. Acho que só ali eu percebi que a viagem era real, que o Bola Presa era real, que a gente estava inserido numa narrativa enorme, formada por pessoas espetaculares. Foi ao mesmo tempo gratificante e apavorante: o que a gente faz quando percebe que, de fato, está onde queria estar? E se a gente não for bom o bastante? E se a gente for uma farsa? E se eu simplesmente não estiver pronto para estar aqui?

Entramos nos vestiários junto com vários outros jornalistas e aos poucos meu medo de ser farsante ou amador foi desaparecendo, especialmente porque mesmo os jornalistas mais calejados também usavam seus celulares para filmar de maneira amadora e a equipe chinesa de televisão, com o equipamento profissional, estava muito mais em PÂNICO do que a gente. Não ficamos confortáveis para fazer perguntas para Chris Paul e James Harden, os primeiros a se apresentarem depois do banho, mas acompanhamos as entrevistas. Outros jogadores foram aparecendo, sendo ignorados pela imprensa, se vestindo e indo embora. Eventualmente os jornalistas também foram se retirando, já tendo entrevistado os jogadores mais importantes e os destaques do jogo. Nós, que queríamos mesmo era conversar com o Nenê, fomos sobrando. Nos avisaram que havia um tempo limite para as entrevistas, então se o Nenê não aparecesse – o que era uma possibilidade real – teríamos que sair de mãos abanando. Assim que nosso tempo acabou, finalmente Nenê apareceu no vestiário. Nos apresentamos em português e pedimos uma entrevista, que ele aceitou. Pareceu receoso a princípio – com certa razão, já que a imprensa brasileira nem sempre lhe foi muito gentil – mas rapidamente se soltou, começou a bater papo com a gente, acalmou um funcionário que queria nos tirar dali porque o tempo havia acabado, perguntou se voltaríamos para mais jogos e se despediu de maneira super simpática. Ficamos honrados do Nenê ter topado a conversa, mas ficamos também orgulhosos de que o papo foi bom, de que conseguimos falar de coisas interessantes sobre ele, o Rockets e o futuro. No ônibus para San Antonio, no dia seguinte, essa entrevista virou um texto para o Bola Presa digitado no colo e pela primeira vez senti que podia escrever sobre algo que eu de fato havia participado, não experimentado de longe. Naquele momento não era apenas a gente que viajava e realizava um sonho, era o Bola Presa também, uma espécie de validação estranha de sua trajetória. E aí a briga de gatos no estômago desapareceu.


Foram 5 dias em Houston, já que na manhã do sexto dia fomos para a rodoviária enfrentar novamente o Greyhound rumo a San Antonio. Mesmo em pouco tempo, e restritos à área central, deu pra perceber como Houston é uma cidade plural: vimos gente de todo o tipo, falando muitas línguas, de muitos lugares diferentes – a gente incluso. O time que eu adotei por puro acaso aqui no Brasil, décadas atrás, ganhou subitamente um contexto geográfico, um lugar, uma torcida, uma identidade. Ganhou uma cara, de prédios altos e tijolos de um vermelho terroso por todos os lados; de trens que buzinam e parques no meio dos prédios; de um emaranhado de povos e línguas tomando o ônibus no fim da tarde. Da gente, ali, escrevendo e falando sobre isso num blog brasileiro sobre basquete.

Torcedor do Rockets e apreciador de basquete videogamístico.

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